domingo, 30 de dezembro de 2012

Pablo Neruda - Se me esqueceres




Quero que saibas
uma coisa.

Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.

Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.

Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.

Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.

Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.

Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda"

4 comentários:

  1. Minha querida:
    Quão belo é o poema que escolheu.Tenha uma certeza,tal como diziam os«Beatles»-All we need is Love(e Pablo Neruda).Desejo-lhe um 2013 com muito Amor,Paz Alegria de viver e muita Saúde.
    Um abraço da
    Beatriz

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  2. Olá! Queria só pedir para visitar o meu blogue e que deixe a sua opinião. Se gostar, partilhe-o pelos seus leitores :)
    http://umbrindeafrustracaodacondicaohumana.blogspot.pt/

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